Por um Instituto de promoção da variante brasileira da língua portuguesa no mundo.


O Brasil tem pretensões de ser um país de influência global. Somos a 7ª economia do mundo. Representando 40% do PIB da América Latina e somos lideranças em diversos setores da economia, ciência e tecnologia. Mas pecamos quando falamos de promoção da nossa cultura e língua no mundo. Enquanto muitos países promovem suas culturas, sua língua através de institutos próprios como o Instituto Confúcio da China, Cervantes da Espanha, Goethe da Alemanha, Aliança Francesa e a British Council do Reino Unido.

Nós nunca tivemos uma política de língua ambiciosa feita por nenhum governo. Nossa variante da língua portuguesa é a mais estudada e falada no mundo. Os estrangeiros têm preferência de estudá-la por entender mais fácil, prestigiosa devido a importância do Brasil e não usamos esse ativo político ao nosso favor.

A língua portuguesa é a 4ª  ou 6ª mais falada no mundo — a depender do critério usado, a 3ª mais usada nas redes sociais e nos negócios do petróleo e gás, segundo o jornal Público de Portugal. É a língua oficial do Mercosul, Unasul e Celac, União Europeia e União Africana além de duas organizações regionais africanas, o que torna o português uma importante língua franca nas relações entre países africanos não-lusófonos com os lusófonos. Tem tudo para se tornar uma das línguas oficiais da ONU.

Portanto, é uma língua relevante no mundo e que precisa de uma país forte e influente como Brasil para a sua promoção na geopolítica e nas relações internacionais, nada mais natural que isso seja feito através de um instituto de língua.

O instituto além de servir de divulgador da nossa variante, também serviria como promotor da nossa cultura,que é riquíssima e vai muito além do Carnaval e futebol.

Muitos dizem que não é necessário, pois já existe no âmbito internacional o Instituto Camões de Portugal, mas este é um órgão do governo português que divulga a variante europeia da língua e a cultura portuguesa. Não a nossa variante e nem a nossa cultura. E o Instituto Internacional da língua portuguesa (IILP) serve mais como uma ferramenta de regulamentação da língua no âmbito da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), não como divulgador da nossa cultura e da nossa variante de forma efetiva e global e nem tem porque fazer isso. É um assunto do Estado Brasileiro. 

Como eu disse no segundo parágrafo, o Brasil representa 40% do PIB latino-americano e não promovemos a nossa língua no âmbito da América Latina ao passo que o espanhol está bem difundido no Brasil. Há enes escolas idiomáticas de espanhol no Brasil, sem falar que da lei que obrigava o ensino desta língua no ensino médio que foi recentemente revogada pelo governo medíocre do Temer, cuja oferta se mantém na forma facultativa; também há a oferta no ensino fundamental ao lado do inglês, e é segunda língua estrangeira mais estudada nos cursos de Letras. Já outro lado não ocorre. Só tenho conhecimento do Uruguai e a Argentina  a ter leis de ensino de português em escolas. Não damos o devido peso que a língua portuguesa merece ter na nossa região porque não temos uma política de língua séria.

O Instituto teria a função estratégica de difundir o português brasileiro nas universidades internacionais através de cooperação para introdução do português nos curso de Letras, curso regulares voltado a público em geral e de certificado de proficiência em português brasileiro, convênio de ensino da língua para funcionários com empresas privadas, com governos para o fomento da língua no currículo escolar locais, promoção de intercâmbio cultural no Brasil etc. E poderíamos começar por nos concentrar no Continente Americano, ensinando nosso idioma na América Latina, Canadá e EUA. 

Durante o governo Lula tentou-se criar o Instituto Machado de Assis, que teria esse papel de divulgador da nossa língua e cultura no Brasil e no mundo. Mas o projeto não saiu do papel.

A escolha do nome não poderia ser mais simbólica e importante, pois Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro, fundador da Academia Brasileira de Letras, além da carga social relevante por ser um homem afro-brasileiro num país que ainda teima em embranquecer seus ícones e apagar a influência afro-brasileira na nossa cultura.

Espero que o próximo ou os próximos Presidentes da República tenham uma visão mais ambiciosa e estratégica sobre a nossa política de língua e saiba o ativo político-cultural que temos em mãos para servir ao nosso desenvolvimento.

http://p3.publico.pt/actualidade/media/5459/portugues-e-terceira-lingua-mais-falada-no-facebook
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=13443:instituto-machado-de-assis-apresentacao
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=768

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