Nossa variante. Parte 2

Muita gente pode achar estranho, mas o português que os brasileiros falam no seu dia a dia é bem diferente do português da gramática normativa que se ensina nas escolas. O português que se ensina na escola é bem parecido com o português do resto da lusofonia.

Até hoje aprendemos a conjugar os verbos usando os pronomes tu e vós, mesmo sabendo que a maioria dos brasileiros prefere usar o você e vocês que é, inclusive,pronome relegado nos livros de gramática, geralmente jogado pra junto dos pronomes de tratamento como vossa excelência etc. Além da colocação pronominal que se ensina ser bem similar ao português falado no resto da CPLP. Então, na prática, há duas variantes do português no Brasil. O português do livro, mais próxima da variante euro-africana normativa, e o português popular, menos rígido e mais maleável como é da Cultura Brasileira e sem muito compromisso com a rigidez da gramática normativa.

Há uma discussão se o português do livro deveria se aproximar mais da forma como os brasileiros realmente falam.

Há gramáticos que condenam fortemente o uso de pronomes oblíquos no começo de oração, como exemplo: 'Me chamo Tiago'. No lugar de 'Chamo-me Tiago. E há outros que não veem problema nenhum em aproximar a gramática na forma de falar dos brasileiros, portanto, "Me chamo Tiago" é tão correto quanto "Chamo-me Tiago". Eu, particularmente, sou favorável que a gramática normativa se aproxime da forma como nós realmente falamos, mas preservando algumas regras gerais pra não virar algo que ninguém compreende e que fuja muito do resto da norma da lusofonia.

Acho que nós ainda temos muito ranço eurocêntrico e deveríamos lembrar que o português que se fala em cada país, tem as suas próprias peculiaridades e variedades que tem a ver com a História de cada um deles. A língua evolui em cada lugar de forma diferente, é uma língua viva e não dá pra simplesmente fechar os olhos a isso e imitar um sistema que há muito já não faz parte do nosso falar. O português é uma língua polifônica.

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