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Mostrando postagens de dezembro, 2017

O trema caiu. E agora?

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Com o advento do Acordo Ortográfico da língua Portuguesa (AO), que reformou a escrita de todos os países de língua portuguesa, o trema, que era só usado no Brasil, foi abolido e deixou de ser obrigatório o seu uso nas palavras vernaculares no nosso país. Para alguns um alívio, já que na prática não usavam os dois pontinhos em cima do "u". Para outros, o seu fim pode-se dificultar a correta pronúncia das palavras, principalmente daquelas cujo uso não é frequente. O trema é um sinal diacrítico* que era usado nos segmentos «gue»,«gui», «que», «qui» para indicar a pronúncia átona do "u" e não confundir com s os dígrafos «gue», «gui», «que», «qui», cujo "u" não é pronunciado. Antes da entrada em vigor do AO, escrevíamos: freqüente, conseqüência, lingüística, agüentar, seqüestro etc. No geral, por força da memória auditiva, sabemos quando o u desses segmentos é pronunciado sem precisar desse sinal. Mas em alguns casos o uso do trema facilitaria s...

A língua portuguesa não é sexista e gênero gramatical não é o mesmo que gênero sexual. Parte 2

Quem entra na onda de apagar o gênero gramatical nas terminações dos substantivos deveria voltar a estudar os substantivos na língua portuguesa e quanto essa coisa de escrever com @, x ou E não faz sentido algum. Não faz sentido porque nem sempre as terminações em "o" ou "a" servem para marcar o sexo dos indivíduos. Menos de 7% das palavras da língua portuguesa fazem, de fato, referência ao sexo das pessoas.  Seria legal quem pensa que a língua portuguesa é sexista voltar a estudar substantivo comum dos dois gêneros, substantivo epiceno, sobrecomum, substantivo de gênero incerto .Enfim... Esse movimento que tenta transformar um fenômeno orgânico como a língua que não muda por decretos e nem por imposições, em nome de ideologias políticas não fazem o menor sentido. E gênero gramatical não é o mesmo que gênero sexual. O PRESIDENTE da república é A PESSOA que chefia o poder Executivo. AS MULHERES são MEMBROS do Comitê eleitoral. AS CRIANÇAS estão brincando na rua...

Um pouco de linguística. Processo de formação de palavras - analisando a palavra 'homofobia'

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Sobre o significado do termo ‘homofobia’  Há quem diga que o termo homofobia está incorreto, dado que derivaria do prefixo de origem grega ‘homo-‘ que significa ‘igual' e do substantivo também grego 'fobia', portanto, ao pé da letra significaria medo ou aversão de iguais. Assim como o prefixo "homo" também forma as palavras  homofonia, homografia, homólogo, homogêneo etc quem tem todas sentido de igual. Logo não faria sentido utiliza-lo para designar a discriminação contra pessoas homossexuais.  Já outros dizem que deriva do termo latino ‘homo’ que significa homem, portanto, medo ou aversão a homens. O que de novo, não faria o menor sentido. Até mesmo porque, a aversão a homens chama-se androfobia.  E neste caso o termo homo não seria um prefixo — uma partícula que serve para formar novas palavras —, mas sim uma palavra autônoma de uso comum na ciência para designar espécies dos hominídeos, tal como homo eretus, homo sapiens etc. e é sempre escrito em i...

A língua portuguesa não é sexista e gênero gramatical não é o mesmo que gênero sexual. Parte 1.

Faz sentido confundir gênero gramatical com gênero sexual? Para os linguistas não, não faz sentido. Primeira parte: Na língua portuguesa, assim como nas demais línguas neolatinas, os substantivos têm gênero que convencionalmente chamamos de masculinos e femininos, ocorre que somente 6,5% de todos os substantivos desta língua, o gênero gramatical se confunde com o gênero sexual. Isso mesmo, menos de 7% das palavras de língua portuguesa. Mas como elas são palavras recorrentes como 'menino' e 'menina' causa a impressão de que a língua portuguesa é de fato um sistema sexualizado e por vezes machista, por colocar o "gênero feminino" na condição de subalternização nas construções frasais pluralizadas e genéricas. Mas boa parte dos substantivos não designa sexo algum, é só uma categoria classificatória convencionalizada. Há idiomas em que, os adjetivos, os objetos, fenômenos da natureza e conceitos não têm gênero gramatical masculino ou feminino, como no inglês...

Nossa variante. Parte 2

Muita gente pode achar estranho, mas o português que os brasileiros falam no seu dia a dia é bem diferente do português da gramática normativa que se ensina nas escolas. O português que se ensina na escola é bem parecido com o português do resto da lusofonia. Até hoje aprendemos a conjugar os verbos usando os pronomes tu e vós, mesmo sabendo que a maioria dos brasileiros prefere usar o você e vocês que é, inclusive,pronome relegado nos livros de gramática, geralmente jogado pra junto dos pronomes de tratamento como vossa excelência etc. Além da colocação pronominal que se ensina ser bem similar ao português falado no resto da CPLP. Então, na prática, há duas variantes do português no Brasil. O português do livro, mais próxima da variante euro-africana normativa, e o português popular, menos rígido e mais maleável como é da Cultura Brasileira e sem muito compromisso com a rigidez da gramática normativa. Há uma discussão se o português do livro deveria se aproximar mais da forma como...

Os sotaques da língua portuguesa no mundo.

http://www.tvi24.iol.pt/videos/sociedade/os-sotaques-do-portugues-pelo-mundo/590c7c600cf2b1e529f1230e

Nossa variante. Parte 1

Uma coisa que reparo quando leio sobre a língua portuguesa em páginas de Portugal é a sentença que dão de que nós brasileiros falamos mal a língua portuguesa. Além de obviamente ser um preconceito linguístico, dado que ninguém segue 100% a norma culta de qualquer língua em nenhum lugar do mundo é que o chamado 'falar bem' tem muito mais a ver com a variante falada considerada de prestígio do que necessariamente seguir com mais rigor a norma culta.  Muitos portugueses não sabem, mas a nossa variante está muito mais próxima ao português do século 16-17 do que a variante deles. Isso é um fenômeno histórico. Quando uma língua é transplantada de um local a outro, a língua neste último, costuma sofrer arcaísmo e não acompanhar as mudanças que ocorrem no lugar de origem da língua. O exemplo clássico é o uso do pronome-sujeito 'você' tão comum no Brasil e usado no trato íntimo, familiar, originou-se do vossa mercê, usado amplamente em Portugal do século 15-16. Em Portugal s...

Derivação prefixal de acordo com a Reforma Ortográfica já em vigor.

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Um das regras ortográficas que mais deixam as pessoas confusas na hora de escrever palavras é saber as regras de uso de prefixos. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Vamos a elas Antes de tudo, é precisa que saibamos o que é o prefixo. Na morfologia, parte da gramática que estuda a formação das palavras, existe dois elementos que servem para montar novas palavras. Os prefixos e os sufixos. Prefixo é um morfema não autônomo que se coloca antes da palavra-base/segundo elemento e assim formar novas palavras. Assim, o sufixo infra- se junta com a palavra-base "estrutura" para formar a palavra "infraestrutura". O prefixo in- se junta com a palavra-base "seguro" e forma a palavra "inseguro". Agro- se junta com a palavra-base pecuária e forma "agropecuária" e assim por diante. Do mesmo modo, sufixos é uma morfema que se coloca no final da palavra-base para formar também novas palavras. Assim, "brasil" se junta com o sufixo ...